domingo, 22 de abril de 2012

Brown Eyes

Durante a indecisão ela apenas fechava os olhos com bastante força. Com bastante vontade de chorar. Mas sem decência alguma pra derramar uma lágrima. Ela batia com as unhas curtas na mesa, se perguntando: o que é que estava acontecendo. Ficava balançando na cadeira de um lado pro outro, as vezes rodopiava no eixo e se deixava levar pelos pensamentos. Cerrava os punhos com firmeza e depois de interromper o sangue, puxava o oxigênio pra dentro e pedia pra que isso acabasse logo. Não tinha lógica alguma. Não tinha o mínimo de intervenção de qualquer habilidade racional. As coisas simplesmente aconteciam fora do controle. Durante algumas horas ela conseguiu deixar um pão mordido de lado e um copo de coca-cola perdendo o gás de outro. Não teve fome, porque mais uma vez teve sede. E refrigerante não mata sede. Não pára com o aceleramento do coração. Nem água. Ela mexia no cabelo e alisava a própria blusa, limpando as mãos semi-suadas. Tudo aconteceu ao mesmo tempo de uma vez. E pensou em como foi deixar seu ego se entregar nas mãos de outro. Assim. Tão fácil. Sem a coragem de todos os atos de uma pessoa sincera. Que olha nos olhos. Que pisca mais devagar. Que pega na mão. Que conduz. Que condiz. Que fala baixo, demorado. Que cuida pro outro entender. Que descreve. Que tem paciência, carinho na voz e sossego. Nada havia acontecido e era como se o mundo não fosse mais o mesmo. Nenhuma mudança física que acarretasse em reações repulsivas. Nada. Nunca.



Marcella Casari
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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Da parte que me cabe

Eu era pura simplicidade, meus cabelos já estavam sujos e minha maquiagem estava misturado com o meu suor. O dia estava extremamente quente e eu vestida de blusinha, calça jeans e chinelo. Nada poderia me incomodar mais do que a necessidade de vestir uma calça jeans num dia daqueles, eu não podia correr o risco de deixar ele ver minhas pernas mal depiladas. Eu não podia prender o cabelo de qualquer jeito, meu rosto ficaria mais fino e mais magro. Eu não podia tirar os óculos porque incomodava os olhos. Eu não podia ficar com eles porque me deixavam com cara de nerd. Eu me camuflei a tarde toda, pra tentar me adequar àquilo que eu achava que seria interessante pra ele. Eu não tive tempo de por a roupa mais bonita que eu tinha na mala, e nem de fazer chapinha e muito menos de arranjar um prestobarba e dar um jeito nos pelos que cresciam de forma voraz nas minhas pernas. Aquela era eu. Com o cabelo bagunçado, de óculos sujos, e vestida de forma inadequada para o clima. 
Me lembro bem do quanto eu estava orgulhosa dos meus dedos dos pés naquele dia. Eu tinha passado um esmalte tão bonito, combinava com a estampa do chinelo. O que me incomodava mais era a minha calça que vivia caindo, me deixando ou mais magra ou então mais pobre. Eu usei blusa de alcinha por três dias, no quarto dia eu tiro da mala a única camiseta que eu tinha. Pra ajudar no calor eu acho. O desodorante parecia estar em mim as doze horas limites, mas eu tinha acabado de retocá-lo (só pra garantir). Porque eu tenho essa capacidade incrível de estar menos apresentável nos momentos em que eu mais preciso, ou quero. Minha conversa foi a mesma de sempre. Minha vida sempre desinteressante, a faculdade, o clima, minha tatuagem feita na adolescência. Até hoje eu não sei como isso foi acontecer. Uma tatuagem aos quinze anos. E e nem era uma menina rebelde. Eu nem sou. Daquele tempo pra cá pouca coisa mudou. Eu só cortei o cabelo e me tornei uma dependente de maquiagem. Eu me importei com a minha aparência naquele dia sim, eu me sentia incomodada sim. Mas eu me senti acolhida. De alguma forma ele sabia o que dizer. Sim. Era irritante pra caramba. Mas de uma maneira quase agradável. Quase dava pra querer que o momento se estendesse um pouco mais. Ele parecia um caso mal resolvido. Não. Tipo. Um mistério, um enigma. Era a própria esfinge na minha frente: decifra-me ou devoro-te. Mas eu não me importava com nenhuma das opções. Eu acabei escolhendo as duas mesmo.  Ele tinha uma personalidade um pouco avessa à minha, um pouco parecida as vezes. Em alguns momentos eu tinha vontade de falar sem parar, mas ele parecia em outro mundo, então eu fiz o que faço de melhor e escutava, com um pouco de dificuldade, mas escutava. Parecia interessante demais pra eu me distrair com tantas outras vozes. Estava muito calor. E eu não sou muito de beber água. Não mesmo. Mas eu tive sede. Sabe quando a garganta seca, a língua seca, até o estômago seca? Então. Mas não era só o calor. Eu nunca soube demonstrar interesse. Ta ai uma coisa que eu sempre quis dizer, mas eu nunca lembrava. Então ele falava, e eu buscava no meu leque de conhecimentos alguma coisa pra dizer, pra que aquilo não acabassem em: arrãn. Mas eu falhava na maioria das vezes. Eu caia nesse clichê e enfim. Eu não sei começar nada, conversa muito menos. Eu estava interessada. Eu ficava vendo a hora no celular e aquilo me incomodava até mais porque sei lá, o tempo estava voando demais. Não vou dizer que me lembro de tudo o que ele disse porque seria mentira. Eu não confio nada nada na minha memória. Ele não tinha um cheiro. Não que isso fosse importante, mas eu acho tão legal quando as pessoas lembram umas das outras pelo cheiro, pelo perfume, enfim. Mas ele não tinha cheiro de nada, o dia não tinha cheiro de nada. Eu só me lembro de sentir. Isso acontecia com frequência. O calor. A sede. O suor. Na verdade eu nunca fui muito apegada aos detalhes de pessoas desconhecidas. Então eu não me lembro o que ele estava vestindo. Eu não sabia de nada sobre ele. Não que agora eu possa escrever uma biografia sobre ele. Longe disso. Mais as coisas se tornaram mais, como eu posso dizer, mais próximas. E cada vez mais distantes. Porque ele é um paradigma ambulante, uma controvérsia de duas pernas, um antagonismo bem alto. Eu não sabia o que pensar. Eu só podia sentir. É engraçado eu me sentir culpada por sentir. Ninguém deveria se sentir culpado por sentir nada. Só por NÃO sentir nada. Entende? Era isso que eu sentia. Uma necessidade de olhar olhos nos olhos, que eu naturalmente tenho, mas que eu ocasionalmente não faço. Eu sou baixinha. Eu aparento ser mais nova. Eu acho. Alguns dizem. Enfim. Como eu podia convencer aquele homem de que eu não sou mais uma adolescente no ensino médio? Como dizer coisas inteligentes numa tarde tão quente? Como parecer adulta de calça jeans caindo e chinelo havaiana? Eu me preocupava mesmo com essas coisas. Vai ver que é por isso que eu ainda preciso me afirmar com as pessoas. O problema  deve estar comigo. Mas a questão é: o que eu precisava fazer pra chamar a atenção dele só pra mim? E por que eu estava tão preocupada com isso? Bom, essa segunda questão só me apareceu dias depois. Porque eu estava sentindo e não pensando. Eu estou enfatizando essa coisa de sentindo porque ela é bem importante. Não justifica. Mas explica bem. Talvez não tão bem, mas eu só estou preocupada com isso agora. Ele não encostou em mim, ele não olhou pra mim de forma de diferente, ele não falou nada demais, foi só um abraço e um beijo no rosto horas depois. Não era pra ser nada. Mas eu não consigo esquecer. 



Marcella Casari
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Frases para Recordar

"Você não é tão bom assim. Eu repito pra mim mesma. Quando de repente eu me vejo esvaziando a gaveta atrás de um creme hidratante corporal, e me certifico que estar aqui no meu quarto é quase tão bom quanto as nossas conversas no sofá da sala na casa da sua mãe. Eu espero realmente estar pronta. Porque eu não quero me espantar com o seu sorriso irônico mais uma vez. Já basta o bafo de monotonia que eu solto toda manhã ao acordar. Eu me reviro na cama, penso em um milhão de motivos: vale muito mais a pena ficar aqui o dia inteiro. Eu me recolho na cama, abro o frasco transparente e derramo esse creme hidratante corporal primeiro nas pernas, eu sei que você gosta delas. Mas se não fossem por elas, por qual outra razão você ainda me ligaria de madrugada? De certo seus vizinhos são muito mais barulhentos que nós. Eu espero. E porque você não está aqui eu penso. Com certeza você não deve estar muito longe daqui. Você costuma jantar no restaurante caro aqui perto de casa. Mas com o tempo eu me preocupo, sabe. Porque esse excesso de creme faz mal pra pele, eu li uma vez na revista. Uns anos atrás. Mas as coisas não mudam assim do nada, tão de repente, né? Você provavelmente perdeu o número do meu telefone. Ou o restaurante estava fechado. Ou você confundiu o meu prédio com o da frente. Podia ser você aqui, passando o creme nos meus braços enquanto eu tento me convencer que você não vale lá muito mais do que eu gostaria de escrever sobre você agora".


"As vezes eu me sinto na obrigação de ser educada com você, sabe. Quando você entra pela porta todo dia às 17h30, eu sinto instintivamente a necessidade de corresponder à sua carência de ouvir uma palavra de consolo. Mas o que acontece na verdade é que é tudo mentira, é tudo uma encenação, porque o que acontece aqui quando você não está... você não faz ideia do que é não estar com você. Você não imagina o que é guardar tudo isso dentro do peito sem ter tempo de esvaziar. Eu sinto raiva. Sinto mesmo. Mas o que eu mais sinto é você. E a vontade que eu tenho de ser sua o tempo todo".


"Eu penso como seria se daqui uns anos se você agisse como eu agi em minha juventude, Dora. Em alguns momentos eu tive dificuldades em aceitar como eu era e como a vida se propunha pra mim. Alguns planos não deram certo, sabe. E dessa forma, vendo você assim, eu fico com medo que minha vida se repita através da sua (...). Mas isso não vai acontecer, não é? Venha cá..., lembra tudo o que eu disse a respeito do amor? Simplesmente esqueça".


"Pense assim. Nada mais será como antes. E nem por isso você precisa perder o entusiasmo e nem deixar de ter curiosidade. Eu aprendi que esperar o futuro acontecer não tem nada a ver com ficar cismado com o passado ou simplesmente acreditar que o futuro vai ser sempre melhor. Aceitar as mudanças como elas se apresentam faz parte, Alice. Você deveria saber disso mais do que ninguém, não acha?".



Marcella Casari
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Cold

"Ainda com os lábios secos ele cruzou os braços sobre o peito e se escondendo o máximo que pode, flexionou também as pernas rijas e pálidas esperando o inverno daquele ano passar mais rápido através de seu corpo esguio e amarelado. Com a língua úmida de sede cobriu a boca com uma saliva ácida e amarga. Numa tentativa frustrada de umedecê-los. Sem sucesso puxou as magas da camiseta desbotada a fim de cobrir os dedos enrugados e frios. As calças já estavam curtas demais e os pés descalços sentiam o gelo cortando como navalha. Nem o fogo queimaria tanto. Jorge encolheu-se o máximo que pode, mas não conseguiu despistar o vento forte, este que já fazia latejar seu sangue como num bombardeio ininterrupto de neve e fogo. Seu único encosto é a parede fria de um bordel abandonado do século XIX, ainda dá pra perceber o aroma dos charutos caros e os perfumes baratos que circulavam por ali como se tivesse sido a pouco a última noite desses boêmios. Mas nem ali poderia servir de abrigo, Jorge já mal podia mexer as mãos...".



Marcella Casari
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Paz

Eu estive completamente vazia por esses últimos dias. Foi irônico me manter por tanto tempo com uma ferida aberta no meio do peito, apenas esperando que o tempo cicatrizasse com cuidado. O que eu poderia dizer sobre esse fato apenas consumiria meus instantes de energia, esses que eu conquistei com suor e sangue pra fechar esse buraco com minhas próprias mãos, porque se alguém visse, ele aumentaria ainda mais. Pois seriam olhos e comentários sobre mim e em cima de mim, e com certeza uma ferida se transformaria em outras mil e tomariam conta de mim. Eu jamais me recuperaria. Eu pensei. Nem dessa. Eu jamais me recuperarei. Uma ferida dessas, cravejada no peito, estampada no corpo. Uma coisa dessas não se esconde por muito tempo. Eu não estou mais pensando nela. Nem na dor, nem no tamanho, nem no vazio. É importante reforçar que minhas mãos aprofundavam ainda mais aquele orifício inútil que eu sem querer cultivei dentro de mim, quanto mais eu tentava disfarçar maior ele se tornava. Então eu descansei minhas mãos e meus braços. Eu me sentei sobre a sombra de uma árvore, eu destranquei uma porta que estava emperrada na minha alma, eu me deitei na grama verde de algum lugar lindo, eu simplesmente me deixei levar por uma voz suave que vinha calmamente sussurrar em meu ouvido, me deixei conduzir cegamente pelo caminho que aquela voz dizia ser o certo, o bom, o perfeito e o agradável. E Ele estava certo. Meu vazio foi completamente fechado, lacrado e selado pelas doces palavras que eu escutei naquela noite. Eu pude então dormir em paz. E estar em paz.



Marcella Casari
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Vinte

Minha mãe bem me disse quando eu já estava pra sair de casa: menina, toma cuidado que as coisas não são mais as mesmas. Mas eu olhava pra rua e não via nada, eu olhava pra calçada e não enxergava, olhava pra mim e nenhuma diferença, nenhuma novidade. Mas durante o caminho, com o passar dos passos, com o andar dos pés começava a brotar em mim uma desconfiança discreta de que as pessoas me olhavam com canto dos olhos e diziam umas às outras umas frases curtas que mal davam pra entender. De fato algumas dessas palavras vinham me cutucar as orelhas e eu dispersa olhando vitrines mal podia decifrar. Eu olhava a hora e os ponteiros desciam e subiam e em qualquer esquina que eu virasse surgiam novas pessoas, novos olhares e provavelmente as mesmas palavras. Incitava-me uma curiosidade demasiada, quase que me virei prum rapaz e perguntei se tinha alguma coisa errada comigo, mas fiquei com medo da resposta. Mais medo do que curiosidade. O fato é que minha roupa não era nova, meu sapato já tinha uns anos e naquele momento julguei estar sendo observada não pelo que as pessoas viam em mim, mas por estar sendo vista por dentro. Os olhares sobre mim iam descamando invisivelmente a minha pele e os meus cabelos desciam pelos ombros, sem senti-los, da mesma forma que meus olhos reluziam um brilho diferente, novo, que se colocava à frente das pupilas, minhas unhas eram outras por baixo do esmalte e ninguém via, nem sentia, nem ouvia, mas acontecia. E todo mundo a minha volta percebeu que algo em mim não era mais o mesmo. Os meus vinte anos iam surgindo e as pessoas percebiam, as pessoas comentavam. Porque não era só uma diferença numérica, era uma metamorfose completa.



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Malas

Quando eu estava a fim de desfazer as malas, você entrou correndo no quarto pulou na minha cama e jogou todas as roupas organizadas por cor e tamanho no chão. Eu esperava uma recepção menos emotiva, até porque fiquei apenas dois dias fora da cidade e você não me ligou nenhuma vez. Foi bem infantil derrubar minhas roupas no chão. Foi bem estranho você não me abraçar primeiro e me beijar, antes de me irritar com a organização exagerada das minhas roupas. Eu fiquei no hotel um bom tempo olhando pro telefone ou esperando o celular tocar dentro da minha bolsa. Mais nada disso aconteceu, e então você entra no meu quarto e desarruma tudo. Porque você é especialista em entrar e desarrumar. Porque foi assim que você fez na minha vida. Não foi desarrumação. Mas foi mudar tudo o que estava no lugar, foi pegar as minhas manias e rearranjá-las de outra forma, foi pegar meus medos empacotados e jogá-los na minha cara porque eu tinha que dar um jeito naquilo. Era muita desordem dentro de mim. Vai ver que é por isso que eu arrumo tão bem a minha cama e o resto da casa. Porque tudo o que tem a ver comigo é meio bagunçado demais. E você veio correndo pra desorganizar, e no final você colocou tudo onde deveria estar. Menos minhas roupas organizadas por cor e tamanho sobre a cama. Agora sobre o chão.



Marcella Casari
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Pés

Acontece que quando as coisas se encaixam é difícil mudar a ordem e rearranjar o ambiente. Fica tudo tão redondinho que dá dó ter que por tudo longe um do outro. Parece que as coisas colam umas nas outras. Tipo alma gêmea. E foi mais ou menos assim que naquela segunda-feira com cara de chuva e que não choveu que você decidiu vir na minha casa umas dez horas da noite pra me contar como foi seu dia. Porque por e-mail demora, por telefone é muito caro e porque valia a pena gastar a sola do tênis pra vir até a minha casa. Foi a primeira vez que a sua necessidade de ser escutado veio junto com a minha de ouvir. Por mais que eu goste de quando você esbanja sabedoria. Eu vi que naquele dia, você era apenas uma pessoa normal, com problemas normais, com uma vida normal. Sem aventuras e com todas as dificuldades do mundo e problemas do mundo pra resolver. Ali eu vi sua humanidade. Eu que muitas vezes pensei que você tivesse vindo de outro mundo, porque só uma pessoa assim, tão avessa de mim é que poderia me amar e me despertar interesse. Você olhava pra mim com olhos de piedade, implorando com uma voz rouca pra que eu te entendesse, porque de alguma forma era você que precisava de mim. Não que eu precisasse do seu sofrimento pra combinar com o meu sofrimento pra tudo se encaixar. Foi pelo contrário. Você vindo até mim com a sua simplicidade, a sua humildade despertou uma força dentro de mim, como se eu realmente fosse capaz de resolver todos os seus problemas, e que de agora em diante seria bom você vir mais vezes em casa (a pé) porque só assim as suas angústias seriam acalmadas com minha meia dúzia de palavras e dezenas de abraços.


Marcella Casari
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