terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Meu Deus

E agora prefiro mesmo é me entregar. Fechar meus olhos e esperar Deus agir. E Ele agirá. Pois Ele me resgatou de onde eu não mais me encontrava. E me deparo com seus braços abertos, pois estava esperando por mim, seus olhos diante da minha face, eu contemplo, ansiando por mais e mais. Suas mãos tocam minha alma e em seu colo de amor eu posso repousar meu corpo cansado. O amor de Cristo transborda de meu coração. Pensa em olhos que agora podem ver, pensa em ouvidos que agora ouvem, pensa em vidas transformadas por inteiro.


Marcella Casari

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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Vai e não volta

A verdade é que você nunca procurou em mim o que eu achei em você, e vai ver que é por isso que nossas vidas já não fazem mais tanto sentido um para o outro. Eu acho que deixei desligada a minha parte da mente que faz esquecer, e mantive ligada a minha memória, mas ela se desliga, não se preocupe. E a gente fez do dia, uma semana, e lembra daquelas onze horas consecutivas? E se fosse isso todos os dias? Teria tido o mesmo efeito de felicidade? Eu acho que já me acostumei a perder você, pra te ganhar daqui um tempo, bem longe, ou talvez nem tanto, ou talvez nunca mais. Eu penso na sua felicidade como eu achei que você pensasse na minha, eu achei que te faria bem um dia. Tenha um bom dia, durma bem, fica com Deus, Eu amo você. É que a gente vai ser amigo pra sempre.


Marcella Casari

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Um Tesouro

Você é meu tesouro encravado num chão de areia. Minha ânsia de jogar tudo pro alto, fazer as malas e gritar 'vou embora', é minha vontade de ficar aqui mais um pouquinho e de te fazer perguntas que não merecem respostas. Você é meu diamante meio lapidado, meio apretejado, meio esquecido dentro da gaveta do armário, mas você está comigo, não no dedo, nem do lado. Você é meu faz de conta, minha história boa pra contar pros netos, aquele mané que da vontade de pisar, de abraçar, de deixar. Você é tudo e mais um pouco do nada, um pouco de tudo, de todos. Você é um amigo de papel rasgado, de lápis desapontado, de caneta sem tinta, de vai e volta, de vai e não volta. Você é aquele meu diário, que sabia de mim, e eu não sabia nada, e eu questionava e recebia de volta um silêncio ensurdecedor, você é um pouco chato, um pouco alto, um pouco especial, um pouco de falta, mas só um pouco. Um pouco de mim, e eu nada de você, e nada de você, nada de você (...)


Marcella Casari

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Firmes

Eu me deitei ao lado de um homem. Não sabia bem a cor dos seus olhos, nem a textura dos seus cabelos, mas me parecia alto, ele estava de costas pra mim, então pude apenas ver sua roupa, molhada e mal-cheirosa, vestia uma camisa azul, uma calça jeans preta, e estava sem meias, mas eu podia sentir o cheiro de lavanda que saia dos seus cabelos e a cor pálida do seu pescoço descoberto. Mas num instante ele se virou, seus olhos eram negros, pupilas bem dilatadas , ele me olhava fixamente, me percorria o corpo só com o olhar, sua boca avermelhada acompanhando suas bochechas, um rosto arredondado de sobrancelhas firmes e orelhas pequenas. Não eu não sabia seu nome, nem aonde estávamos, mas eu nunca havia visto alguém tão lindo.


Marcella Casari

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Não Mentir

Eu costumava infringir as leis que me eram ridículas. Eu cuspia o chiclete rosa e grudava embaixo da carteira, eu pegava emprestado sem avisar, e lia em voz alta as notícias do jornal, costumava escutar música com fone de ouvido e não me envolver com ninguém, eu abaixava a cabeça quando me chamavam na rua, e acenava sem saber pra quem. Eu escrevia textos e não guardava, eu escrevia e rasgava. Eu costumava ficar em silêncio para não incomodar meus pais, e agia como se não houvesse mais ninguém. Eu jogava o papel de bala no chão, dava risada em voz alta, e tomava suco de laranja com acerola. Eu costumava não mentir.


Marcella Casari

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