domingo, 15 de fevereiro de 2009

Não Mentir

Eu costumava infringir as leis que me eram ridículas. Eu cuspia o chiclete rosa e grudava embaixo da carteira, eu pegava emprestado sem avisar, e lia em voz alta as notícias do jornal, costumava escutar música com fone de ouvido e não me envolver com ninguém, eu abaixava a cabeça quando me chamavam na rua, e acenava sem saber pra quem. Eu escrevia textos e não guardava, eu escrevia e rasgava. Eu costumava ficar em silêncio para não incomodar meus pais, e agia como se não houvesse mais ninguém. Eu jogava o papel de bala no chão, dava risada em voz alta, e tomava suco de laranja com acerola. Eu costumava não mentir.


Marcella Casari

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