terça-feira, 9 de dezembro de 2008

E se...

Se eu olhasse bem fundo nos teus olhos, você ainda diria que sim? Mesmo que em cada instante eu sinta teus olhos sobre mim, tua face te condena. Tua voz muda, teu semblante sucumbi, teu sorriso se lisonjeia, e todas as tuas atitudes tornam-se vãs. Mesmo assim tu negas. Mas tua mão branda dentro de ti, estremece, deseja tocar-me numa carícia que não cessaria, não seria vaga. Toda a reciprocidade que achas que não lhe devo seria dada, pois cada sentimento teu também é meu, pertecem-me. Cada vez que abro minha boca, confesso que olho pra ti, e teu olhar desvia minha atenção, será que me escutas? Curioso eu diria, mas bem mais que isso. Se for amor, quem sabe na crua realidade eu sinta, quem sabe, eu até creia em ti.


Marcella Casari

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Encontro

E nem sabia mais seu nome, e mesmo assim ele veio na minha direção e me estendeu a mão para cumprimenta-lo, meu sorriso saiu meio forçado, e eu realmente não estava interessada se estava bem ou mal, mas enfim ele percebeu minha indiferença e disse se chamar Carlos.
Assim que estendi minha mão, ele me puxou para si com força e me abraçou lentamente, beijou meu rosto encostando sua mão direita por detrás da minha cabeça, massageando-a, seu corpo estava quente e sua mão suada refrigerava meus cabelos, seus lábios eram macios, de um beijo prolongado, sua respiração junto ao meu ouvido era ofegante e seus olhos, verdes. Na situação não sabia nem se o abraçava ou se ficava paralisada, o envolvi em meus braços e senti seu calor no meu corpo gelado.

Marcella Casari

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Despedida I

Despedidas contradizem todos os meus valores. Não fui feita pra me perder em lágrimas por pessoas que vão embora. Não quero agora me despedaçar de saudades, sentindo falta dos sorrisos, abraços, conversas e beijos. Se despedidas fossem opcionais, não escolheria nenhuma. Todos os culpados estariam comigo, sempre, e dizer que pra sempre é egoísmo, mas me tornaria a mais egoísta só para mantê-los aqui. Pode não ser muito longe, nem muito perto, mas perto mesmo seria nenhum pouco longe. Um dia vou acordar sem vocês, e não sei se terei o mesmo sorriso de antigamente.

Marcella Casari

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Despedida II

Mas eu me entristecia, realmente, sentia-me triste e imunda como um pano velho. Não sei que dor era aquela que brotava dentro de mim, e filmes repetitivos se passavam na minha cabeça, e eu sei que aquilo poderia ser tão único. Minhas lágrimas não precisavam nem de motivo para escorrer, apareciam sem serem anunciadas e uma saudade inimaginável saia de dentro dos meus olhos, como uma tinta, escorrendo. Faz noites que me sinto assim, que me deito na cama e me desgasto de saudade das pessoas que nem ainda me disseram adeus. Escondo-me dentro das lembranças pra que eu possa mantê-las aqui, já que nem tudo eu posso. Desnecessária saudade antecipada, se nem mesmo posso me conter dela, procurei me afugentar em outros pensamentos, mas que tentativas mais inúteis essas as minhas de tentar disfarçar minha tristeza, se meu sorriso já nem é o mesmo, nem a minha motivação, realmente, que falta estúpida vão me fazer, que espaço vão me deixar, espaço que não será ocupado por mais ninguém, exagero? Exagero seria não amar tanto assim, as pessoas, e que pessoas, e que causadores de dor. Se ao menos conseguisse controlar minhas lembranças, mas se são vozes, e sensações, imagens reais, se nem mesmo consigo me desconcentrar da dor, não posso nem imaginar depois, quando acordar e não vir mais ninguém ao meu lado vai ser fatal, e idiota, saudades, de quem já me machucam, mas apesar a dor, do que nunca tê-los conhecido.
Estou o fruto dessa dor: um amor, ou do amor, essa dor, mas antes essa sensação vazia, do que nunca tê-los amado assim, tão especiais meus causadores de angústia. E dilaceram profundamente meu coração sem ao menos virem como ele está agora, se arrependeriam desse erro, sem ser ele uma falha, porque na realidade quem sofre sou eu, meu amor, e minha dor, e minh’alma e minha vida...
São a tortura amável dos meus dias !

Marcella Casari

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