sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Goma de mascar

Eu tinha dezesseis anos e via o mundo cor-de-rosa e sentia o gosto doce do trident de morango da boca do meu vizinho e pensava o porque será que além de rosa o mundo não tinha gosto de morango. E eu não conhecia outra cor. Nem outro gosto. E nunca achei ruim isso, nem me fez mal, nem cheguei a ter dores de cabeça com problemas políticos socioeconômicos, nem dor de barriga por mascar tanto chiclete. Sempre pintei a unha de rosa, sempre vesti rosa mesmo sabendo que nunca me caia bem. A sensação que ele me causava vinha de dentro e as pessoas não eram capazes de enxergar o que eu sentia. E o mais engraçado é que eu sempre achei que tivesse que traduzir sentimentos incrustados em rochas de pessoas fechadas como caramujos depois de uma chuva de verão. Algumas das minhas teorias eram tão fajutas e tão fora da realidade, que a pessoa olhava pra mim dos pés a cabeça, analisava meu penteado psicodélico e tirava suas conclusões precipitadas sobre meu comportamento infanto-juvenil. Isso porque era minha função julgar o que estava pensando. Ou achando. Ou sentindo.
Cor-de-rosa pra mim já é toda uma mistura de todas as cores que naturalmente eu já não dou a mínima, mesmo. Não porque não são belas. Mas eu aprendi que a beleza é uma mulherzinha egoísta que dita o que é certo ou errado pra maioria das pessoas. E feiúra é aquela garotinha de vestido remendado que procura um namorado pela Internet, sem ter computador.

Marcella Casari

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O primeiro de 2010 pro meu muso

A gente não concorda em nada e quando combina é sem querer, completamente. Porque eu jamais admitiria um fracasso. Não que me vestir igual a você só que inversamente seja proporcional ao fracasso, na realidade não é. Admito que procuro briga, mas você não faz por menos, colabora com a minha raivinha de tpm, faz brincadeirinhas e tapas na testa. Eu detesto admitir que entreguei meu coração a um homem que detesta admitir o tempo todo que me ama. E não está sendo fácil. Você deixa em mim um gosto de saudade que começa a evaporar da minha pele e não me deixa dormir em paz. Eu preciso recostar a cabeça no seu peito, sentir sua respiração balançar meus cabelos, ouvir seu coração batendo contra o meu ouvido, participar ativamente do zigue-zague do seu peito e sentir sua mão no meu braço. Não vou dizer que não preciso, porque se dissesse estaria mentindo, então conforme-se, eu preciso de você. Não, não é só carência, não, é necessidade. É necessidade, é saudade, dê o nome que quiser ou não dê. Conforme-se meu caro, eu já estava pensando em me mudar pro seu quarto, levar comigo minha escova de dentes, escova de cabelo, secador e a maquiagem. Não que eu tivesse mesmo coragem de desobedecer meus pais. Mas seria hilário ficar com você sem me preocupar com a hora ou com o que as pessoas estão pensando disso. Mas vai, se eu já esperei sete meses eu espero mais cinco anos pra fazer isso, e saiba que eu vou levar muito mais.

(Beijos, Homem da minha vida).

Marcella Casari

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sábado, 9 de janeiro de 2010

Não precisa parar

Se hoje eu criei um bloqueio entre nós, me desculpe, mas as vezes eu preciso ser intransponível só pra testar seus instintos animais e ver até que ponto você consegue ficar perto de mim. E não é de se espantar que não tenha desistido logo, eu criei pra você uma espécie de batalha essencial pra viver, eu tinha que começar falando baixo, sussurrando, beijando sua bochecha, seu queixo, seu pescoço (tudo do lado direito) e dizendo o quanto eu te amo. Não que isso tudo seja mentira, pelo contrário, ver seus olhos meio fechados, manchados de vermelho e com a minha cara neles me fez sentir amada e consolada pelo seu amor, seu carinho. Eu precisava lutar contra meus instintos carnais e venci. Não foi tão difícil. O meu lado animalesco, selvagem ainda não exerce tanta influência sobre mim, meus desejos estão se aflorando debaixo da pele, subindo pros meus pelos, mas isso leva tempo, não vai ser de um dia pro outro. Tão rápido assim. Não precisa ficar com medo. Pode continuar confiando em mim, me arrastando o corpo perto do seu, encostando a boca perto da minha, colocando a mão na minha cintura e massageando, pode continuar me pedindo pra parar, fechando os olhos e comentando da minha pupila dilatada, da minha barriga quente e das minhas mãos frias, pode continuar me comendo com os olhos e dizendo que me ama todas as vezes que eu te digo que te amo, pode continuar, não precisa parar, não precisa parar...

Marcella Casari

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pra Guardar

"Eu te amo porque você me faz querer amá-lo, eu deixo o mundo parar de girar ao meu redor pra que ele também faça curvas em sua órbita. Eu preciso te fazer feliz, à minha maneira, a mais esquisita de um egoísmo mais profundo. Ironia eu diria. Até mesmo meio sarcástico com um pouco de dúvida interna, mas que se lixe todo ponto de interrogação.
É estranho esperar pra te ver todos os dias, eu sinto um pouco de vontade, uma espécie de loucura subindo dos pés à cabeça, tomando controle de mim e eu preciso te ver, estar com você pra sarar toda essa dor que nem sei se tenho".

"Você ainda não aprendeu quando me contrariar. Você ainda não sabe quando eu preciso que você aceite meu não ou sim como resposta definitiva, sem questionamentos e dúvidas espalhadas na cabeça. Tem muita coisa ainda que eu preciso encucar na sua cabeça, ou eu simplesmente deixarei que o tempo cure muitas fendas abertas em nosso relacionamento. Mas são por essas aberturas, pequenas, do tamanho do meu olho direito (que eu vejo melhor) que eu consigo me acostumar que com você minha vida tem muito mais gosto de vida, que faz até a saudade ter gosto doce. E não é fácil degustar desse sabor, deixar a saudade escorrer nos cantos da boca sem nem ter como limpar depois, porque de qualquer forma nem tem jeito, eu deixo o amor, a saudade transbordarem mesmo. Só você pra me deixar melecada (de saudade, amor,..), sem aquela ojeriza básica de todo o sempre. Eu te agradeço por dar vida e sentido e direção pro meu destino. E seria muito chato sem você perto de mim".

Marcella Casari

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Tira esse peso de mim

Tira de mim esse peso insuportável, sei que sou homem, mas não consigo carregá-lo em minhas costas. Este fardo é grande e está me causando grande cansaço, tira da minhas costas alguns pedaços, abrindo mais feridas. Meus coração está disparado, a respiração ofegante, já não sei se sou recessivo ou dominante, de mim mesmo nesta jornada. Já não agüento tanta vergonha, zombaria, olhos rindo de mim. Já pensei em ir embora pra algum lugar, de coração apertado, pesado, triste, chorando, ir pra aonde ninguém me conheça, e pedir a Deus pra esquecer todas as pessoas que hoje eu conheço e para que todas se esqueçam. Tentei sair correndo mais meu joelhos doem, minhas pernas tremem de tristeza e raiva, a mágoa toma conta de um lugar aonde deveria estar só a alegria e por isso, meu coração desfalece. Não quero deixar ninguém triste, muito menos você, mas nem eu me amo mais e não consigo aceitar suas palavras "Eu te amo". Por favor me esqueça, não se frustre nem se aborreça, vai ser melhor assim, eu sozinho no mundo e você com outro que realmente te dê o seu devido valor. Você fez minha vida pirar e virar de ponta cabeça, nunca houve tantas mudanças ao mesmo tempo em minha vida, você é louca. Toda vez que você me liga eu estou com sono, e você briga comigo, mas é que há meses não durmo bem, estou preocupado com algo ou com alguém, não sei ao certo, não sei mais o que é mal ou bem. Moça, mulher, menina, eu vou te guardar comigo, só pra carregar o amor dentro de mim. Só pra ver se eu consigo, me alegrar e não viver tão triste assim. Por mim não chores, não quero ser merecedor de nenhuma lágrima sua, só o peso que carrego já está de mais, mais uma lágrima e eu me mato, dou um jeito e vou embora pra sempre, pra logo ali aonde os que já se foram estão, se foram e não se foram porque estão ali dormindo. Até logo, quem sabe eu veja você feliz com outro cara em breve, ficarei sozinho, não me compromissarei com outra porque meu coração não se atreve. Não se atreve a tal porque seria uma grande mentira, mentira de dor, sofrimento, lágrimas, de morte.

Fernando Augusto Marcelino


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