domingo, 29 de novembro de 2009

Não, eu tô falando sério..

cansei de escrever, ou de escrever e postar aqui, esperem meu mau humor passar, se ele passar..







Fiquem com Deus
Beijos Marcella Casari

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A janela aberta

Então você reconhece que deixar a janela aberta é perigoso, não é? Com essa frase mal articulada Carlos iniciou sua conversa com Antônia, e por alguns segundos os dois ficaram em silêncio. Não sei, Carlos, eu sinto muito calor a noite, muito calor, e com a porta fechada eu já não sinto o ar circulando, não encontro posição para dormir, fico me remexendo e fico toda suada. Disse Antônia, prendendo o cabelo e olhando para o chão. Carlos curvou-se e ergueu sua cabeça, dizendo ao olhar nos olhos dela. Não seja boba, Antônia, é muito mais perigoso entrar um ladrão, do que eu me preocupar com o seu suor, ou com a cama mais ocupada com o espaço do seu corpo nela, eu tenho medo de acordar no meio da noite e tudo lá fora me lembrar onde eu estou.
Ora, Carlos, eu não tenho culpa se essa noite você quer passar aqui, o problema é que meus pais podem acordar, e por isso a janela aberta, assim você foge. Retrucou ela, ajeitando a roupa e deitando-se na cama. Mas eu estou aqui por sua causa. Tudo bem, a janela fica aberta, a porta fica trancada. Você prefere que eu deixe a luz apagada, Antônia? Carlos falou em voz mais baixa. Venha logo que ainda tem espaço pra você aqui, finalizou Antônia.

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

E-mail

Eu fico muito estressada mesmo quando você demora muito pra responder meu e-mail, fica passando ideias alucinógenas na minha cabeça e nunca sai coisa boa dos meus sonhos. Eu fico aqui matutando que ou você está tendo realmente uma semana super ocupada (então me perdoe por tudo isso) ou você é um tremendo safado, SEM VERGONHA que me faz de besta, é sim, você vai lá me manda aquele big e-mail numa quinta-feira (depois de três dias sem notícias suas) e quando eu bela e formosa te dou uma resposta (à altura) você demora mais quase uma semana pra me deixar plantada na frente da tela do computador esperando uma resposta que não tem mais a mínima cara de que vai aparecer. Você é um egoísta safado que vem falar comigo quando e se quiser e quando eu quero uma resposta sua, ou um sorrisinho de canto de boca você simplesmente me ignora e faz da minha vontade um lixo completamente descartável, “que se exploda seus anseios sua adolescente boba”. E eu fico espantada como eu pude raras vezes aceitar suas teorias e dizer arrãn tantas vezes seguidas. É que na verdade eu concordava mesmo. Mas a minha caixa de e-mail continua "vazia".
Às vezes eu tenho vontade de te jogar na parede, não pra te encher de beijinhos, mas pra te dar boas bofetadas. Você ri das suas próprias brincadeirinhas e eu sou obrigada a saber que não era pra acreditar, como se mulheres já não fossem sentimentais o suficiente pra ter que além de tudo sofrer por mentirinhas. Como se nós mulheres já não confiássemos o bastante, pra você vir e fazer piada desse meu amor extremo que chega a ser ridículo. Porque o amor é ridículo e eu mais ainda. E eu fico bastante estressada porque se você me ligar no meio da semana pedindo para conversarmos eu terei que entender (porque além de tudo eu sou muito curiosa) e deixar você vir na minha casa pra ficar te olhando e ouvir o que você tem pra dizer e quando eu estiver a fim de conversar com você, você vai vir com aquele papinho de que a gente não pode se falar, de que isso ta errado e tudo mais. Não sei se eu fico mais estressada por tudo isso ou quando você vem com cara de pena achando que eu to morrendo por sua causa, jogando na minha cara que NÃO, você não está morrendo por minha causa, ou até está, eu nunca sei quando você tá falando sério ou quando é pegadinha do malandro.

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Nem segunda, nem feira

As pessoas tentam me convencer que girassóis não são tão bonitos e que minhas unhas pintadas de vermelho combinam mais com o meu tom de pele. Eu deixo elas acreditarem que eu troquei o verde pelo amarelo e que me dou bem com física e matemática. Hoje eu descobri que preciso cortar as folhas e flores "mortas" da planta pra que ela continue florindo e que se eu não pensar em você eu provavelmente mate um pouco de mim a cada segundo. Eu reparei que semana passada o por-do-sol teve cores diferentes a cada dia, segunda foi alaranjado, terça foi roxo, quarta cor-de-rosa e os outros dias eu não me lembro, mas provavelmente um dia da semana tenha sido como hoje, só o azul. Hoje de manhã eu percebi que seu perfume vinha até mim e que ando com dores de cabeça nas aulas de história e química. Algumas vezes a minha mãe insiste pra que largue mão de ser tonta e eu acabo lendo umas páginas desse livro que estou lendo pra ver se enxugo algumas lágrimas internas que molham minha alma e machucam um pouco. Coloquei meus girassóis artificiais num vaso de mentira ao lado do meu computador, precisa ver o quanto eles combinam com a decoração do quarto e com a roupa da minha cama. Voltei a usar uma pulseira prateada com uma plaquinha, dessas que dá pra por o nome, mas eu nunca escrevi nada, ela combina bem com o meu anel (...)

"Sutilezas não se guardam no armário.."

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

domingo, 22 de novembro de 2009

Argumento

Vai que de repente você surge à minha frente? Com aquela sua cara amarrada de culpa e ver se eu estou disposta a secar meus ouvidos pra ouvir as lambanças das tuas desculpas? Preciso então me prevenir, vestir uma roupa mais decente, pentear os cabelos, calçar os pés e estampar na cara um adesivo de sorriso automático, pra rir das suas piadas infames e acreditar nas suas histórias de pescador. É oficial esse costume de ilusão, de pegar o ponto fraco alheio e lhe jogar nas fuças. E você sabe muito bem cutucar minhas feridas e desvendar os meus erros, depois que eles já estavam muito bem enterrados. Mas mesmo assim esse seu desmazelo só descontados na sua face (e mãos) deixa bem claro suas intenções ao se aproximar de mim, com suas mãos úmidas de suor e seus olhos brilhantes de lágrimas, eu disfarço e digo que sim com a cabeça. É mais fácil do você imaginava. Ainda não sei como desfazer esse seu rosto formulado, essas suas mãos bem cuidadas, esse seu corpo bem preparado diante dos meus olhos. Ah, eu digo que concordo e você desfaz as malas e dorme na minha cama. Eu aceito suas desculpas esfarrapadas dos seus erros mal ditos e fica tudo bem no café da manhã, quando o sol dilata nossos olhos e nossa alma fica pequena demais pra tanto amor, tanto amor, tanta amor.
Sou cruelmente dissimulada e você cruelmente sarcástico. Nos damos bem afinal de contas.

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mãos

Por que a gente precisa pegar na mão? Por que a gente precisa unir as digitais umas nas outras, mesclar o suor de entre os dedos e sentir um forte aperto? Qual o motivo real de trocar afeto apertando os dedos do outro, massagear os ligamentos e estralar os dedos até o outro gemer. Se é que existe mesmo razão em as palmas das mãos descansarem em outras palmas e notar que o seu formato de "m" na mão esquerda é bem parecido com o "m" da mão do outro.
É que na verdade isso tudo não passa de uma sintonia totalmente humana, pra buscar apoio quando nossas mãos parecem calejadas e cansadas o suficiente por agora.
Sentir a transpiração alheia da própria satisfação.

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ninguém disse que seria fácil

Pensa que é fácil? Segurar-me dentro de mim mesma, nos meus próprios limites, até onde o meu corpo diz ser meu? Pensa que é fácil anestesiar-me de seus insultos, seu corpo, sua luz? Pensa ser fácil desviar-me de onde alcança seu sorriso? De até onde penetra a sua voz? De onde alcança seu par de olhos! Pensa ser fácil me livrar deles? Eu caminhava sublime com um batalhão dentro de mim, eu caminhava e sentia o frio subir pelos meus pés até a minha nuca, eu caminhava ora de olhos fechados, ora de olhos aberto, eu sonhava, imaginava, sentia, eu caminhava mesmo estando parada, sentada, deitada, ajoelhada, eu caminhava dentro do meu quarto, na minha mente, do seu lado. Sou severamente restrita aos teus atos, confunde-me quando me nega e logo depois sussurra meu nome ao vento, deixando meus ouvidos atônitos, agoniados, desejando um pedaço maior dessa sua voz. Está longe que me meus olhos nem podem ver, está longe que meus ouvidos ensurdecem, está longe que a minha mão não toca, que meu coração reduz em miúdos, minha mente que se dilacera em mil, minh’alma se dilatada, aumenta, diminui, acaba.
Pensa que é fácil ser fraca presa num corpo de forte? Pensa ser fácil chorar quando meu semblante te sorri? Pensa demais, demais se perde em suas inúteis preocupações e devaneios. Pensa ser fácil ser uma mulher em suas aventuras de menina que escolheu não seguir mais as suas vontades? De onde acha que vem meu sorriso? Vem de cima, do céu, do alto, onde a minha voz mais baixa é escutada como música, onde você também diz, e sabe-se lá o que diz. Mas pensa ser fácil. Desconheço completamente os seus pensamentos, tornou-se uma dúvida completamente insaciável já que não posso mais como antes, perdi o direito de penetrar no teu “íntimo” pra te conhecer, é exatamente uma fórmula incalculável, inédita e deliciosa que conforta minha mente e agoniza meu coração. Acha mesmo que é fácil ridicularizar meu coração? Pô-lo de lado, como um lixo, pra ouvir a voz daquele me conforta, pensa ser tão fácil assim?
Tenho medo de me achar pequena, minha alma te incomoda? Meus medos e dúvidas, confusões são poucas perto de você? Sou criança, mimada, imatura e frágil? Procuro no mesmo Deus que “se escondes” a solução fraternal de todo esse sentimentalismo, não barato, o preço não é baixo, a dívida é alta e meu prêmio de consolação não está comigo. Pensa ser fácil aceitar o que nem ao menos sei direito? Eu apenas aceito por ser certo, eu apenas não admito errar, não me permitiria trocá-lo por ninguém mais, ninguém menos. Sou uma alma pequena e frágil sim, que busca forças pra lutar, pra suportar. Quero por todo os meus desejos num saco plástico e sumir, quero que eles não me incomodem mais, vai ver assim me achará mais linda. Quero estar mais linda diante dos seus olhos, pra que me veja grande e merecedora de amor. Que me veja desejável e merecedora de amor. Merecedora de amor e não de pena, de amor e não de dó, de amor e não de nada. Pensa ser fácil ter tanto a dizer e ter que permanecer calada? Sinto-me inconveniente com todas essas palavras ridículas, talvez depois elas sejam vomitadas de meu pensamento, mas assim que seus olhos colidirem com elas, alguma coisa de boa ou ruim passará por essa sua cabeça e eu já não serei mais a mesma, e que diferença isso faria? Ao certo sabe como sou? Meu gosto, meu desgosto? Não. Ainda não. Não acho nada disso muito fácil e nem muito menos impossível. “TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE”.

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Relacionamento

O detalhe é que ele deixou a tampa da privada levantada e eu nem dei bronca. Se fossem dias lá pra Agosto, eu com certeza teria dado uma boa bronca, com direito a tapinhas histéricos no ombro, pra depois ele fechar a cara, abaixar a tampa e me dar um beijo no canto da boca como forma de me convencer que ele sabe que estou certa, e nessa época eu precisava estar. Eu nem liguei pra toalha molhada em cima da cama e muito menos pra camiseta amassada em cima da cadeira do computador. Eu sempre admirei esse desmazelo que ele tem com as coisas pessoais e com a implicância dele com as minhas manias de limpeza e organização, eu sou fanática pelo cheirinho da nossa casa arrumada, da cama com o lençol trocado e da torneira da pia da cozinha bem fechada. Ele ainda reclama um pouco quando eu digo que preciso varrer o teto, ou quando dou meus berros homéricos quando um rato invade meu espaço, eu morro de medo e ele ainda não quis entender isso. Mas eu respeito (e amo) o fato dele deixar o copo sujo de suco dentro da pia limpinha e andar pela casa sem camiseta (eu prefiro mais assim), o cheiro de gente que ele deixa na minha roupa,o meu cabelo bagunçado atrás da orelha, ou quando ele me senta no chão pra estralar os meus dedos do pé, até eu suplicar pra que ele pare, mas ele não para e me beija.

Ficar sentada ali no chão com ele, foi a cena mais hilária e divertida que já me aconteceu, parecia coisa de cinema, uma dessas cenas em que está tudo indo maravilhosamente lindo entre o casal principal do filme, e que no fundo toca aquelas músicas "romântico-engraçadas", que faz a mulher (que está deitada na cama assistindo ao filme) dar uma colherada gigante no pote de sorvete pensando o quanto era bom quando seu namorado fazia coisas parecidas com ela, e como ela se sente gorda e feia por estar solteira enquanto todas as amigas estão com seus respectivos maridos e filhos curtindo o sábado a noite (ou a quarta-feira a noite).
E eu fico me perguntando o porque os homens são tão confusos, eles sempre vem com suas teses (mal elaboradas) dizendo que as mulheres que são complicadas, isso é mentira, bom, em alguns aspectos pode até ser, porque homem é tudo igual, sempre a mesma coisa, feitos exatamente idênticos ao estilo "Tempos Modernos", alguns fogem desse modelo pré-programado, mas salva-se raras execessões. E o mais estranho é ficarmos reclamando deles e eles de nós, se cada um não vive sem o outro, é praticamente cuspir no prato em que comeu (melhor dizendo, no prato que come). A questão é ver que mesmo que "cada um no seu quadrado", eu sei que melhor que sentada ali no chão e ele estralando os dedos dos meus pés, é só o fato de ser ele, só ele e ninguém mais. E depois um beijo, ou dois.

Marcella Casari


Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Somente segunda-feira

Os espinhos da tua pele sobre a minha surtiam efeito dominó sobre as faces úmidas dos meus lábios, seus pelos se encurvavam pra encaixarem na minha boca, pedindo encarecidamente pra que minha boca te beijasse mais. Eu já não sabia mais se descolava a minha boca da sua buchecha ou se permanecia ali, com o pescoço encurvado, com os olhos fechados ouvindo aqueles estralinhos engraçados que depois de um tempo me faziam rir, e olhar pras esses seus olhos castanhos que se confundem com os meus, quando me observam e me deixa sem palavras na ponta da lingua. Eu não sabia mais se envolvia meus braços nos seus, ou se deitava na sua perna direita, deixando suas mãos deslizarem pelas minhas costas, fazendo trilha no meu corpo com as pontas dos dedos, eu não sabia se ficava em pé ou sentada do seu lado, até você dizer que me odeia muito e que se eu fosse embora não ia fazer a mínima diferença. E provavelmente já não fizesse mesmo tanta diferença, já que eu posso guardar teu cheiro dentro da minha cabeça, a sensação áspera que seu rosto fazia na minha boca, ou na palma da minha mão, ou a marca dos seus dentes no meu braço direito. Talvez isso pareça apenas mais uma declaração excessivamente apaixonada de uma louca, mas peço que não me encare tão mal, eu sei me apaixonar pra sempre .

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sophia

A primeira recomendação que Sophia teve foi de não dar bola pro primeiro rapaz bonito que cruzasse a rua, e selasse em seus olhos uma conecção magnética. Suas amigas já a haviam precavido que rapazes furtivos assim são um perigo, que se bobeasse estaria nos braços dele e ele em pensamentos sabe-se lá exatamente onde. Mas mesmo assim não deu muito ouvidos pro que diziam suas “best” atravessou a rua e viu um rapaz com essas mesmas descrições, acrescentando apenas uns detalhes que ela não teve tempo de ver muito bem. É de propósito sim, é só levar uma advertência que isso torna a experiência proibida mais gostosa, é falar e acontecer. Sophia nem temeu quando seu coração palpitou mais rápido e nem quando seus olhos se ligaram aos dele por uma atração que nem mesmo a física sabe explicar. Não passou muito tempo pra que ela encontrasse esse rapaz novamente, metade dos castanhos dos olhos dela ficaram grudados nos olhos dele. Seu nome é Carlos, estava escrito no crachá, sua camisa era azul claro e os botões brancos, calça jeans e tênis, o básico, ao menos não advertido pelas amigas, nem se preocupou quando reparou nesses detalhes. Mãos grandes, sorriso sufocante (sim, pra ela era), o cabelo formava com o rosto um desenho gostoso de imaginar, e os pelos do braço direito dele iam pro mesmo lado, uma ordem significativa e apenas um pelo de cor mais preta, indo perto do cotovelo, do lado de dentro do braço, os cílios encostavam-se às lentes dos óculos, a pele clara de quem fica a maior parte do tempo preso dentro de uma sala, o andar meio concentrado, ereto, firme e até engraçado. (...)

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.