quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sophia

A primeira recomendação que Sophia teve foi de não dar bola pro primeiro rapaz bonito que cruzasse a rua, e selasse em seus olhos uma conecção magnética. Suas amigas já a haviam precavido que rapazes furtivos assim são um perigo, que se bobeasse estaria nos braços dele e ele em pensamentos sabe-se lá exatamente onde. Mas mesmo assim não deu muito ouvidos pro que diziam suas “best” atravessou a rua e viu um rapaz com essas mesmas descrições, acrescentando apenas uns detalhes que ela não teve tempo de ver muito bem. É de propósito sim, é só levar uma advertência que isso torna a experiência proibida mais gostosa, é falar e acontecer. Sophia nem temeu quando seu coração palpitou mais rápido e nem quando seus olhos se ligaram aos dele por uma atração que nem mesmo a física sabe explicar. Não passou muito tempo pra que ela encontrasse esse rapaz novamente, metade dos castanhos dos olhos dela ficaram grudados nos olhos dele. Seu nome é Carlos, estava escrito no crachá, sua camisa era azul claro e os botões brancos, calça jeans e tênis, o básico, ao menos não advertido pelas amigas, nem se preocupou quando reparou nesses detalhes. Mãos grandes, sorriso sufocante (sim, pra ela era), o cabelo formava com o rosto um desenho gostoso de imaginar, e os pelos do braço direito dele iam pro mesmo lado, uma ordem significativa e apenas um pelo de cor mais preta, indo perto do cotovelo, do lado de dentro do braço, os cílios encostavam-se às lentes dos óculos, a pele clara de quem fica a maior parte do tempo preso dentro de uma sala, o andar meio concentrado, ereto, firme e até engraçado. (...)

Marcella Casari

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3 comentários:

erica fernanda disse...

o amor é cego

Daniel Filho disse...

Talvez Sophia saiba o que faz!

mais um textoo muiito bom!

Ana Carolina Vingert disse...

amor: dele ninguém escapa, ninguém que escapar.