domingo, 22 de abril de 2012

Brown Eyes

Durante a indecisão ela apenas fechava os olhos com bastante força. Com bastante vontade de chorar. Mas sem decência alguma pra derramar uma lágrima. Ela batia com as unhas curtas na mesa, se perguntando: o que é que estava acontecendo. Ficava balançando na cadeira de um lado pro outro, as vezes rodopiava no eixo e se deixava levar pelos pensamentos. Cerrava os punhos com firmeza e depois de interromper o sangue, puxava o oxigênio pra dentro e pedia pra que isso acabasse logo. Não tinha lógica alguma. Não tinha o mínimo de intervenção de qualquer habilidade racional. As coisas simplesmente aconteciam fora do controle. Durante algumas horas ela conseguiu deixar um pão mordido de lado e um copo de coca-cola perdendo o gás de outro. Não teve fome, porque mais uma vez teve sede. E refrigerante não mata sede. Não pára com o aceleramento do coração. Nem água. Ela mexia no cabelo e alisava a própria blusa, limpando as mãos semi-suadas. Tudo aconteceu ao mesmo tempo de uma vez. E pensou em como foi deixar seu ego se entregar nas mãos de outro. Assim. Tão fácil. Sem a coragem de todos os atos de uma pessoa sincera. Que olha nos olhos. Que pisca mais devagar. Que pega na mão. Que conduz. Que condiz. Que fala baixo, demorado. Que cuida pro outro entender. Que descreve. Que tem paciência, carinho na voz e sossego. Nada havia acontecido e era como se o mundo não fosse mais o mesmo. Nenhuma mudança física que acarretasse em reações repulsivas. Nada. Nunca.



Marcella Casari
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