sábado, 4 de julho de 2009

Roberto

Roberto não vê. Roberto não ouve e não sente, aliás, apenas sente. Levanta-se da cadeira macia da mesa do computador e deita-se em sua cama, os lençóis foram trocados, a roupa de cama é limpa e clara. Ele se deita pra parar um pouco, continua com o tique de mexer as pernas quando está nervoso e puxa o lençol amarelo e desbotado pra cobrir todo seu corpo, está frio e com preguiça de fechar a janela. Mas não vem de dentro o frio e se levanta, toma novamente a mesma posição lamentável, endireita-se na cadeira, descalça os pés, cobre o semblante sofrido com a palma das mãos e enxerga tudo branco. Agora Roberto vê, e ouve e não sente. Agora ele lê as palavras de Amália presas na tela do computador, lê e se lamenta, lê e se alegra, lê e confunde, todos os sentimentos passam ao mesmo tempo, num mesmo intervalo, no mesmo coração, e isso dói, e machuca, Roberto é machucado, é cortado e mantido da mesma forma. Amália sai. Roberto fica, fica e depois sai. Ele sofre. Mas só ele sofre?

Marcella Casari

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Um comentário:

Utak disse...

entendeu o que? hahaha
te várias maneiras de interpretar...:P
Vai escrever um livro? um conto? :P
(ps: aquele meu texto gigante nasceu assim, com pedacinhos...)