domingo, 5 de julho de 2009

"De ontem em diante"

Dentro da noite, Amália desce as escadas e penetra na multidão, encosta seu corpo em outros corpos, pede licença e distancia-se o mais possível daquele aglomerado de corpos suados e alegres. Amália cai na graça de encontrar Roberto. Cai dentro de seu sorriso e se aproxima, não descaradamente, não tão rápido, nem até tão perto. Ele a vê tão próxima que nem sabe ao certo quanto tempo passou, desde estar ali de pé, até ela estar ali, ao seu lado, perto. Ele a acompanha pra um lugar mais solitário, que mesmo um acompanhando do outro, ainda assim seria solidão. Roberto põe suas mãos quentes sobre a cintura de Amália, uma forma de acompanhá-la sem a perder na multidão. Amália não hesita e troca as mãos dele de lugar, as aproxima às suas e as une. As aperta. Imagine o gosto do coração de Roberto. Ela senta numa cadeira que por sorte está vazia, e cobre o semblante com a palma das mãos, o homem se questiona por aquela atitude e cobre o ombro esquerdo de Amália com sua mão direita, uma forma de confortá-la, ela, reagindo, escosta sua cabeça no corpo de Roberto, para aliviar qualquer pensamento que estivesse ali, uma forma incerta de dizer. Roberto senta-se ao seu lado, coloca seu corpo próximo ao dela, a envolve no abraço e aproximam as cabeças, as mãos, de forma a ficarem realmente próximos. Os olhos fechados. Amália abre os seus, abaixa-os pra ver os de Roberto, este ao sentir-se observados por aqueles olhos ergue a cabeça de forma a vê-la melhor, ver seu rosto por inteiro e no desejo de fazer isso seu nariz "raspou" no dela e o encontro não foi apenas esse, não apenas os olhos, não apenas os narizes, não apenas os braços, as mãos, os corpos. As bocas, com ciúmes, uniram-se. Lá fora fazia frio, mas nenhum podia sentir.

Marcella Casari

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Um comentário:

Utak disse...

Ah, ha quanto tempo não entendem meus poemas... esse é um momento importante...

Descrições suaves e soltas, texto rico, lindo, romântico...

*suspira*