quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ao verdadeiro Amor

Eu sentia dentro de mim que fazia parte de algo muito maior do que o que eu estava vivendo. Não que o que eu vivia não me fazia sentir completa, afinal de contas era uma maneira de me completar, de completar o outro. E foi a maneira boba que até então a gente tinha pra demonstrar amor. Vai, boba não, mas a errada. Pra gente estava tudo certo. Ok, não estava tudo certo. Nada estava certo até uns dias atrás. Mas agora está, e é isso que basta. Eu creio que basta. Mas voltando. Eu tinha certeza que o chamado de Deus era para as nossas vidas, não tinha como não ser, foi por Ele que estamos juntos, foi por Ele, com Ele e para Ele.
Todo fim de semana eu me sentia dividida ao meio. A metade mais comum fazia tudo pro próprio umbigo, pro próprio ego se sentir o máximo. A outra metade, mais santa ia pra Igreja, e dentro de si imaginava um salão imenso e uma porta gigantesca em que eu não podia entrar de maneira alguma, e a voz do Senhor me chamava, gritava-me, e eu dizia que não, que eu não podia entrar. Eu fazia o meu louvor ali do lado de fora mesmo. Muitas vezes eu me perdia de mim e entrava correndo, jogava-me nos braços do Senhor e implorava a Ele pra não me deixar ir, mas de uma maneira secreta (só a mim) eu conseguia escapar. Eu ficava nessa lenga lenga de vai e volta. Até que eu tranquei a porta. Não Deus, Ele não queria me deixa pra fora. Eu mesma cavei minha cova e me joguei nela.
Mas o Senhor é maravilhoso, Amém! E não sozinha consegui destrancar a porta e hoje estou nesse salão magistral, onde o teto não se pode ver, onde a única parede, a que tinha a porta já não existe mais. E por mais fácil que pareça sair de lá. Eu não saio nunca mais. Ou melhor. A gente não sai.


Marcella Casari


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2 comentários:

Ana Carolina Vingert disse...

Que lindo má,...
Sempre sinto algo inexplicavél, mas dessa vez eu sei explicar,
me senti perto de Deus.

beijo má.

Anônimo disse...

Que lindo testemunho é o seu.
Muitas vezes nos sentimos presos, pensando que alguém está nos impedindo de sermos felizes e de ficarmos em paz. E feliz é o momento em que percebemos que o nosso carcereiro não é ninguém além de nós mesmos, e nossas algemas, são os nossos próprios medos, nossos desejos, nossa ingenuidade perante a gentileza da vida.

Parabéns pelo seu caminho,
e claro, pelo blog aconchegante.

Um abraço!