sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Depois do último

É que na verdade a minha rua anda meio vazia. Sem o desgaste do seu sapato, as pedras chutadas pelo seus pé, nem os latidos do cachorro quando você tocava a campainha. Tô sem a sua chave abrindo a porta de casa, sem a sua camiseta preta pendurada no meu cabide, sem os lençóis, as colchas, o cafuné domingo de manhã. A minha casa anda meio vazia. Sem teu chinelo encostado na parede do banheiro, sua bermuda no cesto de lavar, a caixinha do seu óculos na beirada da cama. Sem teu perfume dentro do armário, sua escova de dente na gaveta do banheiro e seu sorrisão me desejando boa noite. Sem teu livro na cabeceira da cama, sua toalha pendurada no box, o espelho do corredor sem você no reflexo. Meu quarto anda meio vazio, sem as migalhas de pão na fronha limpinha, sua mão alisando o meu cobertor, sua jaqueta pendurada na porta do guarda-roupa, a foto da sua família do lado esquerdo, perto da janela. A minha cama anda meio vazia, meio gelada, a mancha de sorvete lavada, o cheiro de orquídeas do seu travesseiro na máquina de lavar, sem o seu tênis preto fazendo companhia pro meu tênis branco atrás da porta do quarto, a sua almofada no sofá de dois lugares, sem suas "revista inteligentes" na mesinha de centro. A minha vida anda meio vazia, sem os teus conselhos no meio da madrugada, suas mãos contornando a minha cabeça no seu peito quando eu tava errada. É que na verdade tudo o que tava cheio, tá muito cheio ainda, do vazio que você faz dentro de mim.

Marcella Casari

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3 comentários:

Ana Carolina Vingert disse...

que lindo =)

Miraz disse...

Profundo Mah, bem profundo.

Talita Dionisio disse...

lindo demais.