sábado, 29 de agosto de 2009

Sábado e eu aqui

Acabou grande parte do meu ânimo, grande parte da minha vontade de ter ânimo. Sou dependente. Viciada. Subordinada. Submissa. Vassala. Escrava. Do meu amor. Me diz quem foi o filho da mãe que determinou isso. Não, porque agora é assim que tá sendo a minha vida e ninguém tem nada a ver com isso. E essa é a melhor parte, eu ser totalmente submissa a isso que nem me controla direito, safado, que acha que me tem nas mãos, na verdade, eu é que acho que ele me tem nas mãos, o poder controlador de me fazer feliz, mas não, engano meu, porque ele tá lá, e eu estou aqui. E tudo tem que ser lindo. Absurdo. É um absurdo. Mas cala-te que não convém. Pronto. Ai acaba tudo de vez, dependo de porcaria nenhuma. Será que convém mesmo ficar me lamentando? Que seja cada um na sua e babau. Mas eu não tô conseguindo, tá certo? Não, não tá. Ficar em silêncio esmaga o meu coração, mas filha, acorda estúpida, o que as pessoas tem a ver com isso? Come essa sua vontade e se precisar vomita esse seu sonho, mas bem longe dele, tá escutando? Bem longe dele. É assim, avassalador.
Sábado à noite. Ou você sai de casa com as amigas pra ficar paquerando os gatinhos na rua, ou você vai com a turma da igreja comer um lanche na praça, ou nenhuma das duas opções e fica em casa, senta a bunda na frente do computador, põe aquela música bem fossa e tenta reproduzir no Word o que ta na sua cabeça. Se eu pudesse, eu chorava. Chorava que nem criança. Sem parar. Sério. E se eu pudesse eu berrava também, o suficiente pra minha mãe me calar a boca e tentar me consolar, porque ela não sabe o que dizer pra mim. Levante a mão quem souber. Porque ninguém sabe, e ninguém vai tentar, porque ninguém vai conseguir. É um absurdo. Um absurdo que me deixa louca, feliz, saltitante, uma idiota, e esse é o problema. Essa idiotice colorida que tomou conta de mim, onde já se viu depender de homem pra viver? Ora faça-me um favor, toma vergonha nessa cara. Eu mesma me digo. Com uma voz muito mais grave, forte, alta, eu quase berro, mas mesmo assim, eu me faço de surda, eu devo ser bem surda do pescoço pra baixo. Provavelmente essa olhadinha que você me dá de vez em quando seja o combustível pra eu pensar em você a semana toda. Porque é quase inadmissível você não estar aqui agora. Seria quase inadmissível, se eu ao menos pudesse suportar ter que lembrar que, meu bem acorda, tudo o que você pensa é errado. Só de pensar você já está errando. Pecando.

Marcella Casari

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2 comentários:

Anônimo disse...

Será que só de pensar já está errando? Acorda, ele está mais perto do que você imagina!!!!

Zé(d's) disse...

porra. se fosse um narrado-pwersonagem masculino, eu ia chutar que é um conto do Cao Fernando Abreu! muito bom...