terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pra colher

Bom. Em determinada época da minha vida eu colhi flores pra dar de presente, numa outra, posterior a essa meio sentimental, eu fiz encomendas pelo telefone, de flores que nunca vi murchar. Era romântico confesso, um romântico semi-incurável, de ficar sonhando acordado quando o tempo me permitia. Às vezes eu discutia, outras vezes eu concordava, muitas vezes fui submisso a opiniões que não aceitava, mas confesso que o sorriso dela me valia tudo. Um dia, nessa época de colher flores, eu fiquei comigo mesmo imaginando umas peripécias junto dela, cenas românticas de filme de Hollywood, ela punha a mão dela sobre a minha, aquela mãozinha gelada e pequena, esmaltada de vermelho forte, quase brilhando, assim eu pedia pra ela fechar os olhos, agora aposto que abria um pouco pra enxergar de canto de olho, mas eu não sabia desconfiar dela. Assim eu a conduzia, era incrível a confiança dela em mim, às vezes apertava a minha mão, e isso me fazia sentir o homem mais poderoso do mundo, assim ela me sentia mais próximo, assim ela sabia que poderia contar comigo. Sentia até meu coração bater mais rápido, isso porque era apenas uma imaginação que vira e mexe estava na minha cabeça, sussurrando sempre que tocavam aquelas nossas músicas. Agora algumas dessas flores nem existem mais, umas perderam o cheiro, outras simplesmente murcharam, assim, de uma vez, e estão sabe-se lá onde. Já nem existem mais. Quem dera ter de volta esse romantismo pra colher.

Marcella Casari

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2 comentários:

Anônimo disse...

Mt 5:34-37. Mas eu quero dizer sim, sim.

Anônimo disse...

Que seja feita a vonta de Deus .