terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Passagem

Definitivamente hoje não é um bom dia para se escrever sobre o primeiro dia do ano. A semana está quase acabando e eu ainda não quis comentar sobre dois mil e onze. Eu não ligo. Essa é a minha diferença em comparação ao resto do mundo. Eu não estava ansiosa e animada com a chegada do "Ano Novo". Criamos tantas expectativas de dois mil e nove pra dois mil e dez, não foi? E é claro que não nos decepcionamos tanto assim, mas, no meu caso, não foi nada excepcional que me causasse ansiedade e euforia com a passagem de um ano pra outro. As vezes minha cabeça fica focada em anos bem mais distantes e por pior que seja eu ainda terei que encarar o fim de dois mil e dez, dois mil e onze e mais alguns anos ainda. Honestamente eu me sentiria confortável se me deslocasse logo pro meu futuro de mulher formada em duas Universidades, trabalhando, ganhando bem, casada com um homem maravilhoso e rodeada de filhos. É nesse ano que eu estou querendo chegar. Eu preferia passar por dois mil e onze de olhos fechados e sem nenhuma dor. Mas as coisas não são bem assim. Já comecei o ano com o pé direito, já comi bastante chocolate, o vestido dos meus sonhos está rasgando, disse coisas chatas pro meu namorado, ouvi broncas até espanar e fazer brotar nos cantos dos olhos uma mina insaciável de água potável. Mas pelo menos estou lendo bastante, dormindo bastante, assistindo muito seriado, e não sentindo a mínima falta de assistir aulas, e ler livros grandes, e textos de muitas páginas, e fazer contas, e reuniões com grupos de seminário aos domingos a tarde, e gastar muito com passe de circular, com van, com xerox, com sola de sapato, com gravite, folhas, paciência, enfim. Toda bagagem típica de uma estudante universitária, ou melhor "bi-universitária" (eu posso inventar palavras). Eu gostaria que pelo menos dessa vez janeiro imitasse agosto e nos fizesse passar por ele com tanta preguiça e com tanta demora, que quem sabe eu ansiasse por fevereiro, quem sabe. Quem sabe eu me focasse no presente e parasse de falar besteira.



Marcella Casari 

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Um comentário:

Ana Carolina Vingert disse...

Acho que o ano começa,
quando você decide começar planos.
E você é tão maior que todos os planos que pode fazer.
Confio muito no seu calendário particular...

beijo...