Não me peça pra falar mais baixo, nem pra largar a sua mão.
Não me peça para andar pela calçada já que no meio da rua eu desenhei nossos nomes com carvão, eu sei que não tem mais nada, mas só de imaginar a cor escura do carvão grudada nos meus dedos já vale a pena não saber exatamente onde escrevi. Você sorriu quando te contei dessa façanha, veio e me deu um beijo no rosto, tentei te fazer rir, mas você toda escrupulosa revelou-me não sentir cócegas, isso até o dia em que pus a mão no lugar certo. Não larga da minha mão, eu sei por onde guiar meus pés, mas minhas mãos dentro dos bolsos não cabem mais, deixa se encaixarem nas suas, e o suor que brotar dali a gente ignora, deixa que o meu corpo faça sombra no teu. Não venha me pedir pra não repetir aquela história, eu me lembro muito bem dos detalhes que você deixou escapar com o vento, eu tinha o seu corpo escondido no meu, meus braços adornavam suas costas e você fazia carinho na minha cabeça, como se eu fosse uma criança pedindo carinho, e eu era, eu estava ali suplicando e você tinha toda atenção pra mim.
Eu conheço essa cidade com a palma das minhas mãos, mas por você eu me perco, me esquivo das ruas principais, aventuro-me por ruas sem saída e vou pela sombra.
Só não me peça para ir por outro caminho.
Marcella Casari
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2 comentários:
"Eu conheço essa cidade com a palma das minhas mãos, mas por você eu me perco, me esquivo das ruas principais, aventuro-me por ruas sem saída e vou pela sombra."
Te amo
Mar, creio que nem preciso ficar escrevendo aqui o que acho dos seus textos neh?
cada dia um mais lindo, mais perfeito... cada dia a gente se encaixa mais neles!
=]
Está de parabéns!
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